Mônica Vilaça é pesquisadora da Associação Pernambucana de Mães Solteiras e do Fórum de Ações Populares, no site http://www.socialismo.org.br/portal/questoes-de-genero/161-artigo/819-maes-solteiras, ela diz:”A gravidez para as mães solteiras marca o início de um processo discriminatório, marca o abandono do companheiro à mulher, do pai à criança. Este abandono em geral segue-se do abandono dos pais e familiares, do olhar reprovador de toda uma sociedade. Estas mulheres convivem com a urgência de uma vida por chegar, com a necessidade de suas sobrevivências. Esta gravidez que se estabelece fora de um casamento, sem um ‘papel passado’ coloca uma mulher e uma criança sob a crítica coletiva pelo exercício da sexualidade feminina que se confunde com sua capacidade reprodutiva.” A Gravidez de uma mãe Solteira
Descobrir que esta grávida sem ter planejado isso, com certeza não é legal. Sem estar casada ou com um companheiro firme, pior ainda. Se for um namorado e ele te deixou no meio da gravidez, nem se fala.
Ser mãe jovem já é difícil, enfrentar os pais, a família, os amigos, ainda mais sozinha, sem o carinho e o comprometimento do seu namorado, caso ou como você quiser chamar, é com certeza muito mais difícil.
Mas, fique tranqüila, porque isso acontece com muitas mulheres, todos os dias. Os homens de hoje, se é que podemos chamar de homens, estão irresponsáveis, machistas, eles sabem muito bem fazer um filho, mas na hora de assumir, ai a culpa é nossa, como se tivéssemos colocado uma arma na cabeça deles obrigando a fazer alguma coisa.
Mônica Vilaça diz: “o reconhecimento paterno tem dois horizontes, o legal-formal e o afetivo-social. Estes dois aspectos precisam ser refletidos. Os filhos e filhas de mães solteiras vivem uma realidade de busca pela relação rompida e é preciso buscar caminhos que sensibilizem estes homens para o fato de que também não são plenos nesta negação. Escolher qual filho ou filha reconhecer é um poder que tem sido conferido aos homens em nossa sociedade machista e patriarcal, um poder que os fragmenta, pois reforça o caráter despedaçado do masculino e do feminino para que as atuais desigualdades possam persistir e reproduzirem-se.
Romper com este círculo significa estabelecer iguais responsabilidades na concepção e criação dos filhos e filhas. Significa repensar quantas desigualdades ainda passam despercebidas sob nossos olhos, e que a lutas das mulheres ainda tem muitas conquistas a serem buscadas. A luta das mães solteiras apresenta a necessidade de uma profunda reorganização desta sociedade para que possamos pensar em uma vida mais plena para todos e todas.”
De dez amigas minhas que são mães, oito são mães solteiras e duas deram sorte, de engravidar de um homem decente. Mas, não se assuste todas estão bem, firme e forte, com seus filhos lindos. Não esqueçam que nós somos mulheres, por isso fomos escolhidas para ser MÃE.
Agora vamos ao que interessa como é ser mãe solteira durante a gravidez.
Primeiramente, esqueci os passeios que eu fazia antes, barzinho, balada, isso não me pertencia mais por um bom tempo. A maioria dos meus amigos, sumirão, vai restar uns dois ou três aqueles AMIGOS MESMO, que vão estar com você sempre, mas tem o lado bom, pude em nove meses descobrir quem são realmente meus amigos e quem são meus colegas.
Mas, se você passar por isso também, não fique triste com essa situação, porque se você parar pra pensar isso é muito normal de acontecer, agora você tem outro tipo de vida, de rotina, de assunto e de responsabilidade.
Durante a gravidez, me senti sozinha, desesperada, jogada nas traças, mas com o tempo passa.Passei muitos fds chorando, enquanto o pai da minha filha tava por aí, saindo, curtindo.
Vou contar a minha historia, a sua pode parecer com a minha, ser pior, ou melhor, mas pelo menos você não sente que isso só acontece com você.
Na minha gravidez, foi difícil de aceitar que eu seria mãe solteira, porque sempre sonhei em casar com o amor da minha vida e ter filhos lindos e ser super feliz, que nem aqueles comerciais de manteiga, a família feliz tomando café da manha todos juntos, mas como diz meu pai, “Filha, acorda da fantasia e desperta pro mundo real”, não que seja impossível esse sonho, mas convenhamos, nos dias de hoje está meio difícil.
Eu comecei a fazer um curso de gestante e no primeiro dia, tínhamos que nos apresentar, falar sobre a nossa vida, coisas do tipo: O que te faz feliz, o que te fazer rir, o que te faz chorar... Adivinhem, todas as mulheres estavam com seu marido ou namorado, super felizes (e no meu entender, igualzinho no comercial de manteiga) e eu, já me sentia sozinha e rejeitada antes, depois disso então, fiquei super pior.
Ai começou uma roda gigante, onde uma por uma, começava a se apresentar e falar, quase todas diziam a mesma coisa, mais ou menos assim:” Ai !! O que me faz feliz é minha família eu e meu marido, o que me faz rir é quando meu marido fala com a minha barriga, ou canta pro meu bebê ...” Juro pra você que isso estava me irritando profundamente, estava me sentindo um peixinho fora d’água, ate que uma mulher,que também estava sozinha e que virou minha “ídola”rs falou: “Meu nome é tal,o que me faz feliz ... nada, porque eu só choro... “Ai sim eu fiquei em paz, pelo menos uma pessoa é igual a mim.Mas, saí de lá arrasada, pensando por que não fazem um curso de gestante para mães solteiras, seria ótimo, as pessoas iam se sentir mais a vontade, iam ter muitas coisas em comum e poderiam dividir historias,frustrações,medos e ate fazer isso se tornar grandes amizades.Ninguém pensou nisso ainda, mas fica a dica.
Eu tive muitos medos, muitos sentimentos de “estou sozinha no mundo”, sofri muitos preconceitos que me irritavam profundamente, vou contar pra vocês a seguir.
Resumindo, passei por muitos momentos difíceis, chorei muito, mas tudo isso foi uma fase, que eu tive que passar, para amadurecer, conhecer quem realmente gosta e se importa comigo, aprender a ser feliz “sozinha” (porque quando você esta grávida, você não esta mais sozinha), enfrentar meus medos, me surpreender comigo mesma, ou seja, tudo tem o lado positivo também.
Hoje eu posso dizer que sou Mãe solteira, com muito orgulho, não tenho medo nem vergonha disso, muito pelo contrário. Deus me abençoou com uma dádiva de ser mãe.
Preconceitos
Quando você é jovem, ou aparenta ter pouca idade, se prepare, muitas pessoas vão olhar torto pra você, falar e comentar coisas totalmente desnecessárias e pior de tudo, alto e na sua cara, que é pra você ouvir mesmo.
Aconteceu comigo, varias vezes, no mercado, na rua, em salas de espera de médicos, shopping. A pessoa simplesmente olhava pra mim com cara de dó e dizia assim: “Ai coitada, tão novinha, estragando a vida tão cedo.” Ai eu penso, meu Deus, o que ela ter a ver com a minha vida, se eu sou mãe jovem ou não, qual é o problema, a mãe sou eu, se eu estou sozinha ou não, ela não paga minhas contas, e se eu quis ser mãe cedo, qual o problema, isso era uma das coisas que me tirava muito do serio.
E aquelas pessoas que ficam olhando pra sua mão, pra ver se você tem aliança ou não, que gente intrometida. Nós nem temos que ligar pra isso, mas na gravidez ficamos vulneráveis, com os nervos a flor da pele, muito mais sensíveis, ou seja, é difícil ouvir e ver essas coisas e não se incomodar.
Tem ainda o outro tipo de preconceito, o do pai do seu filho e a família inteira dele, suspeitando de você, como se você fosse uma vagabunda, que esta inventando que ele é o pai do seu filho. Você freqüentava a casa deles, dormia e acordava lá e vice e versa, e engravida, o filho é de quem? Do meu vizinho? Lógico que não né. Ai começa com aquelas palhaçadas de pedir DNA é tal ... é um direito, sim, concordo .. Mas e a exposição pela qual eu passo de mentirosa?? Eu sei muito bem com quem eu saí e de quem eu engravidei.
Segundo Mônica Vilaça, a Lei 8.560 de 29 de dezembro de 1992, que regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento, completa 16 anos sem razões para ser comemorada. A lei não causou mudanças reais para mães solteiras que buscam o reconhecimento paterno de seus filhos e filhas. A luta pelo reconhecimento paterno enfrenta caminhos difíceis, embora hoje o exame de DNA tenha se estabelecido como mediador da verdade destas mulheres. A ciência tem o seu papel positivo, mas cria um incômodo sistêmico quando aufere às mulheres sua verdade.
Então só tem uma alternativa pra esse tipo de suspeita, o cara se achar o mais lindo e maravilhoso do mundo, achando que você fez de propósito pra “segurar” ele. Ah, me poupe né! Acreditem ou não ainda tive que escutar assim: ”Mulher quando não quer engravidar, não engravida”, ah ta, e homem quando não quer engravidar alguém, não faz nada? A camisinha já foi inventada sabia. Posso ter tido a minha parcela de culpa, mas com certeza não fiz sozinha. Ou seja, usem camisinha SEMPRE!!
E não acaba ai, ainda tem os preconceitos dos conhecidos, que vai de boca em boca, coisas do tipo: “ Ah, ela engravidou de propósito”,” Ai coitada, achou que assim ele ia ficar com ela”, é se preparem porque vocês vão escutar isso.As pessoas adoram falar da vida dos outros, falar besteira então, nem se fala, Mas ninguém estava lá quando o ato foi consumado, ou seja, calem a boca.
E pra finalizar o preconceito da família, que confesso pra vocês foi meu maior medo. Até hoje eu não escutei ninguém dizer nada, mas eu tenho certeza que foi dito ou pensado.
